O historiador Yuval Noah Harari, autor do best seller de antropologia Sapiens - Uma breve história da humanidade, afirma que a fofoca sempre existiu e tem uma função social importante, que é a de fortalecer a união entre grupos de aliados e estabelecer critérios sobre quem é ou não confiável dentro do grupo. Diz ele que, desde o tempo das cavernas, “as informações mais importantes que precisavam ser comunicadas eram sobre humanos, e não sobre leões ou bisões. [...] A cooperação social é essencial para a sobrevivência e a reprodução. Não é suficiente que homens e mulheres conheçam o paradeiro de leões e bisões. É muito mais importante para eles saber quem em seu bando odeia quem, quem está dormindo com quem, quem é honesto e quem é trapaceiro".
Ora, se este modelo de comportamento está tão arraigado desde os primórdios da sociedade, imagine o tamanho da habilidade demandada do gestor de laboratório para administrar possíveis crises. Pois se nos tempos das cavernas tudo talvez pudesse ser decidido numa boa conversa do conselho da tribo em torno da fogueira, atualmente lidamos com um tecido social muito mais sofisticado, com tecnologias que influenciam, para bem e para mal, na amplificação de qualquer comentário, e até mesmo com um novo paradigma social que tipifica e pune comportamentos de exclusão, como as leis contra calúnia, difamação, injúria, fake news, assédio moral e o próprio bullying. Hoje, vamos tratar da administração de conflitos e fofocas no ambiente de trabalho.
Como se posicionar diante do boato ou fofoca
Se por um lado pesquisadores do comportamento humano, como Harari, apontam para uma certa inevitabilidade e funcionalidade positiva da fofoca, por outro, qualquer um que tenha sido vítima dela sabe que ser alvo dessa atitude pode ser doloroso, principalmente quando sua propagação tende a crescer de forma contínua e descontrolada. E quando isso acontece no laboratório, pode ser o momento do gestor se posicionar, evitando uma quebra do sistema de confiança organizacional e da harmonia no ambiente de trabalho. Independente da perspectiva antropológica, em geral as fofocas e boatos são iniciados e disseminados por pessoas que estão mal informadas ou inseguras. Para eliminar as fofocas, ou pelo menos mantê-las sob controle, separamos estas cinco dicas:
Ataque a fonte
Falar diretamente com o fofoqueiro permite que você controle a fofoca negativa de forma pessoal, antes que ela se torne incontrolável. Faça-o entender o impacto da falta de profissionalismo no ambiente de trabalho, e das repercussões, até mesmo legais, de espalhar comentários e boatos, mas dê oportunidade para que ele também verbalize suas inquietações.
Estimule o falar bem
A fofoca se torna um problema quando as pessoas espalham rumores que são difamatórios. Mas se o foco dos burburinhos for em torno das boas práticas realizadas pelos outros, é provável que o ambiente se torne mais positivo. Por isso, não seja econômico em comentar as realizações positivas dos funcionários.
Fale com a equipe inteira
Depois de conversar com o fofoqueiro, encaminhe o assunto de forma profissional com a equipe, ensinando a diferença entre a fofoca maliciosa e uma discussão positiva. Nesse momento, é melhor não citar nomes, e ter o cuidado de não gerar mais focos de discussões improdutivas.
Faça o que eu faço
A influência do gestor perante a equipe deve ser sempre positiva. Liderar pelo exemplo, e se comprometer com a cultura é importante para reforçar a conduta desejada no ambiente de trabalho. Por isso, mantenha sempre uma atitude discreta e neutra com relação a assuntos pessoais, e quanto a questões de trabalho, trate-as sempre diretamente com os envolvidos.
Facilite o acesso à informação
Uma das raízes da fofoca é quando não existem informações suficientes sobre o que está acontecendo. Caso exista alguma mudança importante na organização, informe os funcionários. As informações sobre o laboratório devem ser repassadas periodicamente para evitar “achismos”, e por isso é importante criar canais de comunicação, como reuniões periódicas.
Então, gostou do tema desta edição? Estamos ansiosos por ouvir sua opinião sobre este assunto… Conta para a gente, prometemos que vamos espalhar para todo mundo! (rsrsrsrs) Até a próxima!
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