A sociedade vem adaptando a sua maneira de agir para encontrar um equilíbrio entre o que o que era comumente aceito e o que está por vir nas relações interpessoais. Em se tratando das relações de trabalho, o número de profissionais do sexo feminino em cargo de destaque ou liderança dentro dos laboratórios vem se tornando crescente, o que era uma novidade no setor. Diante disso, dos cargos operacionais até os gerenciais, é preciso rever alguns conceitos para que o ambiente de trabalho seja inclusivo, e para que todos os profissionais (independente do seu gênero) possam se desenvolver de maneira saudável, com igualdade e agregando valor aos processos do laboratório.
Ambiente profissional = Relações profissionais
Por mais que você se sinta à vontade com suas colegas de trabalho, evite comentários que podem ser interpretados equivocadamente. Uma piada ou uma brincadeira que extrapole os limites aceitáveis pode causar grande transtorno ou uma dor de cabeça desnecessária, além de ocasionar a perda de uma boa colaboradora (ou mesmo cliente) do laboratório.
Portanto, antes de falar algo, lembre-se sempre de que você está em um ambiente formal, e não entre amigos com os quais tem liberdade para falar o que quiser. Seja entre os colaboradores, seja numa comunicação diária com clientes mulheres ou fornecedoras, a regra deve ser a mesma: evite tratar as pessoas do ambiente corporativo de maneira informal.
Maternidade e carreira profissional
Alguns gestores evitam contratar mulheres entre 25 e 40 anos. Isso porque a possibilidade (geralmente maior nessa faixa etária) de elas virem a engravidar e, assim, necessitar da licença maternidade, torna-se bem maior, o que pode ser oneroso para o laboratório.
No entanto, embora seja mais comum as mulheres dessa faixa etária considerarem ter filhos, e ainda que sua nova condição possa trazer incertezas para a empresa (possíveis ausências ou afastamento), isso não quer dizer necessariamente que sua funcionária irá perder produtividade ou que o emprego se tornará menos importante para ela. Na verdade, se você levar em conta que muitas mulheres dividem as despesas do lar com os maridos, com a chegada de um filho, o emprego se tornará ainda mais crucial.
Sendo assim, principalmente no ambiente de trabalho, evite frases como “a gravidez vai atrasar a sua carreira”, “esse cargo tem restrições para mulheres grávidas”, “o trabalho tem que ser a sua prioridade” e “seus filhos vão prejudicar a sua carreira”. Tais comentários são nocivos e completamente desnecessários.
Além disso, mesmo que não exista uma lei que impeça a empresa de questionar em uma entrevista se a colaboradora tem pretensão de ter filhos, esse questionamento, dependendo do ponto de vista, pode ser considerado discriminatório, e isso tende a causar transtornos jurídicos para o gestor, ainda mais se o “caso” chegar ao conhecimento dos clientes.
Falas sexistas e nocivas
Falas mal interpretadas podem ser consideradas como assédio (moral ou sexual). Por isso, certas frases, que estão profundamente conectadas à cultura brasileira, mas que já têm caído em desuso por causa do seu sexismo, devem ser evitadas no laboratório. Listamos algumas a seguir:
“Está com TPM?”
Relacionar o estresse de rotina da mulher à TPM acaba reduzindo todo o seu sentimento a um problema orgânico, quando, na verdade, suas emoções são muito mais complexas e podem envolver problemas relativos a trabalho ou a situações econômicas, matrimoniais, maternais etc. Por isso, em vez de fazer esse tipo de pergunta, questione o que aconteceu e tente compreender a situação da mulher e como você pode ajudá-la.
O mesmo serve para a expressão “mulher mal-amada”. Afinal, não é um relacionamento que irá ditar como a mulher irá reagir frente às adversidades encontradas no ambiente de trabalho. Certo?!
“Já vai chorar de novo?”
Cada pessoa é um ser único e reage de uma forma distinta. Logo, com a mulheres, isso não seria diferente. Enquanto algumas não costumam demonstrar quando algo não vai bem, outras acabam externalizando seus sentimentos sobre as situações desafiadoras que vêm enfrentando no trabalho ou na vida pessoal. Em se tratando do segundo caso, menosprezar esse tipo de fragilidade com brincadeiras como “Já vai chorar de novo?” podem inferiorizar uma pessoa que já está passando por dificuldades e que muitas vezes não sabe o que fazer ou a melhor maneira de agir.
"Com essa roupa, ninguém vai respeitar você"
Quando o laboratório possui um código de conduta que trata as vestimentas específicas que devem ser utilizadas em ambiente de trabalho, o gestor até pode questionar algum tipo de roupa diferente do que está especificado, mas jamais deve relacionar a vestimenta a qualquer tipo de comentário sexista. O modo como a funcionária se veste fora do laboratório não tem nenhuma relação com a sua carreira profissional ou capacidade técnica.
"Esse tipo de trabalho não é para mulher"
Algumas frases maldosas também podem ser proferidas entre colaboradores, e cabe à gestão coibir esse tipo de comportamento que tem como objetivo diminuir outras mulheres no ambiente de trabalho e criar um clima de competitividade tóxica. Frases como “para conseguir esta promoção, ela deve ter dormido com o chefe”, “esse tipo de trabalho é para homem” ou ainda “esse tipo de trabalho é/não é para mulher” podem acabar com a autoestima e contestar a capacidade de quem está se esforçando para se destacar ou resolver um problema para o seu laboratório.
Assunto pessoal ou íntimo
Um erro comum, mas que pode prejudicar as relações dentro do laboratório, é perguntar coisas íntimas sobre a vida da mulher. Outra gafe que costuma acontecer com frequência, principalmente com clientes, é perguntar se a mulher está grávida, quando ela simplesmente está acima do peso. Para evitar passar vergonha desnecessária, não questione nada íntimo para uma mulher, a menos que ela decida compartilhar essa informação com você.
E, por fim, mas não menos importante: evite elogios à aparência física e contatos que possam causar constrangimento à mulher. Nem todas as pessoas se sentem à vontade com toques físicos, mesmo vindos de pessoas conhecidas.
Combater a desigualdade dentro do ambiente de trabalho é dever dos gestores. Por isso, eles devem discutir sobre o tema com todos, a fim de moldar um ambiente mais saudável e igualitário entre colaboradores e clientes no laboratório.
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