Com a tecnologia avançando em níveis avassaladores, é normal alguns laboratórios pensarem que seus dias estão contados, pois aumentam-se os rumores de que em um futuro próximo as análises laboratoriais poderão ser realizadas em casa, pelo próprio paciente, com equipamentos point-of-care interligados a smartphones. Mas esta não é a primeira vez que os profissionais da saúde tem o seu status ameaçado pela tecnologia: quando a máquina de Raio-X foi inventada, por exemplo, muitos médicos acreditaram que os pacientes também passariam a ver seus próprios ossos de casa, mas o que aconteceu foi bem diferente das previsões: a máquina de raio-X passou a ser um complemento da atividade médica e ainda hoje as imagens indispensavelmente são analisadas por um profissional capacitado.
Sob essa ótica, com milhares (além dos novos) exames oferecidos pelos laboratórios, realizados por centenas de metodologias e equipamentos diferentes, cujos resultados ainda precisam ser analisados, interpretados e aprovados por um profissional com formação qualificada e experiência, podemos ter certeza de que ainda existe um longo caminho até o laboratório perder o seu espaço (se isso realmente for acontecer). Além disso, a sensibilidade humana, o senso crítico e o famoso “feeling” do profissional que analisa um exame ou atende um paciente, não podem ser substituídos por máquinas.
O desenvolvimento de novas tecnologias não vem para substituir médico ou o laboratório, mas para aprimorar a sua forma de trabalho, agilizar a entrega das análises, minimizar o erro humano e facilitar o acesso à informação. A Inteligência Artificial, por exemplo, já auxilia médicos e outros profissionais com uma compilação de informações que possibilita um diagnóstico mais preciso, facilitando o acesso ao estado-da-arte das especialidades médicas, algo quase impossível se alguém quisesse se manter atualizado sob tudo.
Mesmo assim, por que muitos negócios estão fechando as portas e, constantemente, se fala no fim dos laboratórios? Possivelmente por que alguns ainda precisam se adaptar ao novo modelo de negócios que está sendo desenvolvido na área da saúde. Os planos/convênios se tornaram insustentáveis, a conta do SUS é quase impagável e graças aos mecanismos de busca e a facilidade com as quais as informações estão disponíveis, o cliente está mais informado, e, por consequência, está mais exigente com os estabelecimentos de saúde. Exames com qualidade é o mínimo que ele espera.
É preciso mudar, sair do modelo convencional passivo em que apenas se espera o paciente chegar com a requisição médica para realização de exames: o laboratório precisa ser o agente da mudança que está tomando o mercado de análises clínicas, oferecendo atendimento humanizado aliado a qualidade, ou será, de fato, deixado de lado.
A boa notícia para quem tenta fazer o seu laboratório dar certo é que os números do mercado da saúde são promissores, pois apesar dos problemas enfrentados, a taxa de crescimento atual (CAGR) é de 5,4 até 2022. Para os laboratórios que assumirem o papel de protagonismo, com mudanças estruturais que façam sentido e tenham valor para o paciente, há muitas chances de perpetuidade.
Commentaires